Como Fui Escolhida – Uma História de Adoção Tardia

Gente, a história da Romilda é linda demais!!!! Li o testemunho dela em outro blog, entrei em contato por email e ela autorizou a publicação aqui no blog. Que história linda, imperdível!!! 

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“Em minha história de vida existiram muitas perdas e começaram precocemente, porém contribuíram para minha formação e fortalecimento.

Nasci na cidade de Cachoeirinha/RS, aos meus dois anos de vida meu pai biológico faleceu. Tenho poucas lembranças dele, mas uma vívida em minha mente é de cavalgarmos, ele me segurava de forma muito afetiva e protetora.

Já minha mãe biológica faleceu na minha presença, quando eu tinha apenas sete anos de idade. A partir deste dia minha vida mudou, pois minha irmã mais velha e eu fomos morar em outra cidade com um casal de conhecidos.

Porém, mesmo antes de eu nascer, Deus já tinha tudo planejado… recém-casada, “minha irmã do coração”, foi viver em uma cidade próxima àquela na qual eu estava. Seu esposo acabou conhecendo minha história e dividiu com ela, que por sua vez ligou para São Paulo e contou à mãe. Minha, então futura, mãe estava triste, pois já que sua filha primogênita acabara de se casar e mudara para o Rio Grade do Sul. Ouviu a história atentamente e, segundo ela, bastante comovida fez apenas uma pergunta: “Ela não tem mais ninguém? Se não tiver e ela quiser vou buscá-la”.

Minha futura irmã então me contou de São Paulo e perguntou se gostaria de “ter uma nova família”. Confesso que fiquei dividida, ora era uma oportunidade incrível, mas eu não queria ficar longe de minha irmã biológica. Conversei com ela que me convenceu das vantagens de ter uma nova família, e foi assim que eu aceitei… mesmo com medo.

Logo, minha nova mãe foi me conhecer e me buscar. Podemos dizer que foi “amor à primeira vista”, aquele olhar meigo e terno e o sorriso dócil me cativaram.

Chegando a São Paulo conheci meu novo pai e meu novo irmão, os quais estavam ansiosamente me aguardando. Eu estava com medo e tímida, mas todos foram muito compreensivos. Eu tinha apenas oito anos quando “nasci” nesta nova família.

Fomos ao juizado; entrevista com assistente social, entrevista com psicóloga, entrevista com juiz… todos preocupados com meu bem estar e se realmente era isto que eu queria. Naturalmente, eu não tinha dúvidas que esta nova família me amava.

Um ano depois de meu “nascimento”, minha “certidão” estava pronta. Era oficial!

Não vou dizer que foi fácil, pois toda a adaptação leva tempo e é complicada. Adaptar é harmonizar, acomodar, adequar sentimentos, a vida.

Não consigo imaginar como seria minha vida se meus pais não tivessem me adotado, se eles não tivessem decidido investir nesta relação, por medo e insegurança, como muitos fazem. “Adotar? Pode dar problema!” “Não conheço a família.” “E a genética?”

Meus pais não pensaram nisso. Apenas agiram com o coração, com o amor! Como minha mãe me falava: era seu desejo ter três filhos, desde solteira. Me contava que, após ter meus irmãos, sonhava com uma terceira criança, mas não conseguia ver o rosto. Depois que “eu nasci” na família, ela teve certeza que eu era a criança dos seus sonhos.

Sempre fui muito companheira de meus pais, minha mãe era minha confidente, amiga, conselheira. Meu pai ciumento, protetor e dedicado. Meus grandes exemplos.

Hoje já não tenho meus “pais do coração comigo”, mas sempre me senti muito especial, amada por eles me deram tudo o que sempre precisei. Estudo, amor, um lar… o mais precioso que eu podia receber: a estrutura de um lar onde eu era amada e onde eu amava! Nunca me vi como uma filha adotiva, mas como uma filha biológica! Ora fui tão amada e desejada, como poderia ser diferente? Meus pais poderiam não ter me escolhido, mas o fizeram; e mesmo antes de me conhecer. Sou muito privilegiada!

Foi nesse lar que eu aprendi mais e desenvolvi grande relação com o Criador do Universo. Foi nesse lar onde eu recebi a base de uma família para hoje ser mulher sábia em meu lar. Foi nesse lar que eu recebi a chance de me tornar quem sou hoje. Já que eu poderia ser mais uma criança sem ‘eira nem beira’ como tantas outras por aí.

Deus me deu uma chance, meus amados pais aceitaram a chance de serem instrumentos nas mãos d´Aquele que já tinha o propósito de minha vida. Hoje eu sou extremamente feliz em meu lar, sou psicólogo graças a formação que meus amados pais me proporcionaram e sou esposa graças aos incansáveis esforços deles em me ensinarem tantos dos valores que carrego hoje. Sou feliz porque tenho um Pai no céu que não me desampara e que jamais me desamparou! Almejo, com toda minha alma, reencontrar meus pais num futuro não tão distante…”

Dados de contato:

Romilda Alessandra Pedromo Trindade, 32 anos, casada. Psicóloga. E-mail:romipedromo@gmail.com

“Todo dia deveria ser “Dia das Crianças” por Luciane Franzoni Reinke

Queridos,
Neste dia em que celebramos o Dia das Crianças, compartilho uma reflexão da minha querida amiga Luciane Franzoni Reinke. Definitivamente, todo o dia deveria ser o dia da criança, com muito amor, carinho e respeito!!
Que possamos fazer a diferença na vida de pelo menos uma criança neste dia de hoje.
Com carinho neste dia tão especial,
Luciane Cruz
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“Todo dia deveria ser “Dia das Crianças”

Sempre escutei aquela frase: “como era bom ser criança, a gente só brincava e não se preocupava com nada”. Com o tempo fui percebendo que existe um equívoco no que eu escutava e dizia. A verdade é que muitas crianças não têm o direito de serem crianças. A vida de uma certa forma quebrou esta etapa, levando elas a ficarem a mercê de alguém, que muitas vezes não quer cuidar, ou transmitir amor.

Crianças não precisam somente de brinquedo, mas de uma família que as façam voltar a sorrir. Todo dia deveria ser Dia das Crianças para que a gente pudesse pensar nelas com amor, carinho, tentando suprir suas necessidades. A verdade é que os brinquedos podem até falar, mas não transmitem o que um ser humano pode transmitir. Como é triste ver sorrisos momentâneos, olhos fixos, procurando algo… Sim, algo que demonstre que o pior já passou e não estão mais sozinhas, que a partir de hoje terão para sempre um Pai e uma Mãe. E que esta confiança que depositaram não irá se quebrar, mesmo que venham testes, que venham lutas, eles sempre estarão ali de braços abertos.

Amo ver casais que fizeram crianças voltar a sorrir, a ter esperança, a voltar a ter confiança. Casais que sem preconceito optaram por aumentar a família, sem fazer escolhas, apenas pensaram que venham nossos filhos. Sejam negros, pardos, brancos, japoneses, especiais, mas que venham nossos filhos. Que coisa… a família de Deus é assim uma diversidade mesmo. Deus tem filhos de todos os jeitos e nunca deixou de amá-los.

Todo dia deveria ser Dia das Crianças para que a gente lembre como foi bom ter uma Pai e uma Mãe.

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Foto da Luciane com sua amada família

 

Sobre a autora: Luciane Franzoni Reinke é jornalista e professora. Mas sua principal atividade é ser Mãe.

Conheça e emocionante história da família do Rodrigo e da Sara, fundadores da ONG Pontes de Amor

Queridos,

Compartilho com vocês a emocionante história do Rodrigo e da Sara, fundadores da ONG Pontes de Amor.

A ONG  Pontes de Amor – Apoio à  Adoção e à Convivência Familiar e Comunitária é uma associação privada, sem fins lucrativos, filiada à associação Nacional de Adoção (ANGAAD), que atua em Uberlândia e no Triângulo Mineiro em sintonia com a Vara da Infância e da Juventude, Órgãos e Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente.

Vale a pena assistir, recomendo muito!

Exemplo de superação, coragem, fé, amor, missão… e muito mais!

Beijos com carinho,

Luciane

Parte 1

Parte 2

Fonte: http://www.pontesdeamor.org.br/

Dados para contato:

Rua Roosevelt de Oliveira, 611

Bairro N. Sra. Aparecida

Uberlândia MG

CEP: 38400-610

(34) 3235-5615

pontesdeamor@gmail.com

Reportagem na RBS “RS é terceiro estado com maior número de crianças à espera de adoção”

Queridos,

Segue vídeo com a reportagem da RBS sobre adoção, inclusive com depoimento de adolescentes abrigados.

Se você deseja e pode aumentar a sua família através da adoção, não espere mais tempo para dar entrada no processo junto ao Fóro da sua cidade, cada dia que passa é um dia a menos da convivência em família destes que estão tão ansiosos para ter um lar.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família”. Capítulo III – Art. 19

Toda criança e adolescente merece uma família que a ame e respeite.

Para reflexão, decisão e ação.

Link do vídeo: Adoção RBS

Beijos, Luciane

Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/rbs-noticias/videos/t/porto-alegre/v/rs-e-terceiro-estado-com-maior-numero-de-criancas-a-espera-de-adocao/3616490/

Jacob Chen – Uma história de adoção – Assista esse vídeo!

Queridos leitores,

Hoje me deparei com este lindoooo vídeo… me identifiquei em muitos aspectos, toda emoção do grande encontro com o meu príncipe veio à tona! Linda a história do Jacob Chen, emocionante!

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Uma pena que no Brasil ainda exista uma marginalização da mãe biológica que decide entregar um filho à adoção. Se tivéssemos uma cultura e práticas realmente voltadas ao interesse e bem-estar da criança, o processo de adoção poderia sim ser iniciado durante a gestação biológica, assim como acontece em outros países. Nos Estados Unidos por exemplo existem agências de adoção que intermediam todo o processo. A mãe biológica em alguns casos escolhe o perfil da família adotante que já está na fila de adoção, e a família adotiva tem o privilégio de encontrar seu filho ainda na maternidade. Evitaríamos assim o período que ficam em abrigos, todas as dores e traumas ligados à esta experiência. No Brasil isso ainda é considerado barriga de aluguel……

Essa cultura faz com que a maioria das mulheres que se deparam com uma gravidez indesejada, tenham medo do preconceito que vão enfrentar ou até mesmo o receio de que alguém da família descubra, então optam pelo aborto ou abandonam após dar à luz em qualquer lugar. Há ainda as que criam por um tempo, mesmo contra a própria vontade, até que aconteça alguma negligência, e então a criança seja encaminhada para um abrigo. Neste caso já sabemos o enredo, ficam anos aguardando uma decisão de destituição do poder familiar…

Bom, ainda assim sigo acreditando que dias melhores virão! Não vamos desistir do Brasil e dos nossos sonhos, certo?!

Assista a este vídeo e emocione-se com a história real de um casal que passou anos tentando ter filhos até que decidiram pela adoção. Vejam a emoção quando encontraram seu filhinho!

No link abaixo você pode assistir com legenda em português:

http://familia.com.br/eles-nao-podiam-ter-filhos-e-decidiram-adotar-sua-historia-ira-mudar-seu-conceito-do-que-realmente-significa-ser-pai-ou-mae

Se o seu grande encontro ainda não chegou, que este vídeo sirva de inspiração!

Eu sigo na minha segunda gravidez invisível, aguardando por este segundo grande encontro da minha vida com muita esperança e amor.

Com carinho,

Luciane

 

Fonte: http://familia.com.br/eles-nao-podiam-ter-filhos-e-decidiram-adotar-sua-historia-ira-mudar-seu-conceito-do-que-realmente-significa-ser-pai-ou-mae

Adoção: um gesto de quem quer amar e ser amado

Queridos leitores,

Segue uma ótima reportagem da revista Vida Simples. 

Abraços, Luciane

Adoção: um gesto de quem quer amar e ser amado

Acolher uma criança é um gesto humano que exige dedicação e dá sentido para a vida

Publicado em 25/06/2007

João Carlos Assumpção

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Pai e filho adotivo
Foto: Getty Images

Deixar uma marca de sua passagem pelo mundo. Ver uma parte de si se propagar pelo tempo. É para isso que as pessoas têm filhos, e é por isso, também, que se adota uma criança. Essa constatação pode espantar quem vê os pais adotivos como uma espécie de herói, gente caridosa que decidiu abrir as portas da própria casa para uma criança abandonada. Adoção não tem nada a ver com caridade, e pais adotivos não podem ser vistos como pessoas especiais. São pais como quaisquer outros, que cometem os mesmos erros e pecam pelas mesmas ansiedades.

No momento da adoção, existe uma boa dose de desejo de ajudar, um sentimento de amor ao próximo. Mas altruísmo nenhum dura a vida inteira, que é o tempo de uma relação de pai e filho, afinal de contas. Porque, como diz Fernando Freire, psicólogo que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, a adoção é antes de tudo uma atitude frente à vida e seus desafios, uma atitude de quem sabe que o amor é uma das poucas coisas que, quanto mais partilhado, mais cresce. Um filho adotivo não dará aos pais nem receberá deles amor maior ou menor que um filho biológico.

Amar faz bem à saúde, e aí está, na verdade, a chave da questão. Como diz o psicoterapeuta italiano Piero Ferrucci, autor do livro A Arte da Gentileza, estimular qualidades humanas como afeto, gentileza e compaixão faz bem. Pessoas gentis são mais saudáveis, mais amadas e produtivas. Vivem mais e são mais felizes, enfim.

Quem adota, portanto, pode se sentir assim, o que não deixa de gerar certas dúvidas, que são colocadas pelo próprio Ferrucci. A adoção tem como base um desejo primordial do ser humano, que é amar e ser amado. Como diz Ferrucci, só podemos estar bem se formos capazes de cuidar uns dos outros, de amar uns aos outros.

Os pais adotivos devem levar em conta não só suas próprias aspirações, mas também as da criança que é adotada. Quem alerta para o risco de o pai ou a mãe de uma criança adotiva pensar apenas nos seus anseios é a terapeuta de família Márcia Lopes de Camargo. A adoção não pode se transformar simplesmente em um tapa-buraco existencial. Ela também deve ser voltada para a criança, com quem assumimos a responsabilidade de cuidar e educar.

O grande diferencial de uma adoção tardia é o cuidado que os pais devem ter ao lidar com o histórico anterior do filho, diz Gabriela. Ou seja, os problemas enfrentados pela criança nos primeiros anos de vida pré-adoção. Há vítimas de maus-tratos, violência, atraso escolar, dificuldade de confiar nas pessoas, baixa auto-estima, entre outros. Além de muito carinho, a ajuda de profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos e educadores, dependendo do caso, pode ser fundamental.

Fonte: http://abr.ai/1uWIiLT

QUANTO CUSTA TER UM FILHO?

Gente, achei muito bom este texto da paula e compartilho aqui com vocês para reflexão.

Quanto custa ter um filho?

De um lado, a família número um. Renda anual de 6 dígitos, um ou dois carros na garagem. Um quarto pro filho, cheio de brinquedos. Escola particular, curso de inglês, natação, judô. Viagem pra Disney. O casal até tem vontade de ter mais um filho, mas como? A moça diz, cabisbaixa: “ter um filho é muito caro!”

Do outro lado, a família número dois. Renda mensal de um ou dois salários mínimos. Nenhum carro na garagem (que garagem?). Todo mundo dormindo no mesmo aposento em colchonetes pelo chão. Três filhos (ou quatro, ou cinco). A vizinha da casa ao lado, que é usuária de crack, acaba deixando o filho com eles todos os dias e, por tabela, eles ganham mais um “filho”. A vida é muito cara mesmo, mas o marido diz: “que diferença faz uma criança a mais ou a menos? Onde comem três, comem quatro.”

Você pode achar os exemplos caricatos ou exagerados, mas eu conheço quem se enquadre em ambos. E, durante o meu processo de adoção, enquanto eu mesma fazia milhares de contas pra saber se tinha condições financeiras de adotar mais de uma criança, quantas vezes vi famílias de baixa renda adotando dois, três e até quatro irmãos. Inclusive com doenças.

Afinal, quanto custa ter um filho?

As famílias de classe média e alta tendem a dizer que é muito, muito caro ter um filho. Mas, se você for analisar a fundo quais são as despesas que elas têm com suas crianças, é fácil ver que estas famílias foram engambeladas pela quantidade abissal de marketing que empurra produtos e serviços para pais desesperados.

Coisas que, na maior parte das vezes, eles mesmos nunca tiveram quando crianças. E viveram e cresceram muito felizes sem, diga-se de passagem.

Ou, pior ainda, você observa que muitas dessas despesas não têm nada a ver com as necessidades da criança, mas são só uma forma de dar vazão ao desejo de consumo desenfreado dos próprios pais.

Chacoalhando na caçamba da Marajó

Quando eu era criança, eu, meus dois irmãos e três primos costumávamos passear com nossos avós de carro nos finais de semana. Meu avô tinha uma Marajó e íamos, as seis crianças, chacoalhando pra lá e pra cá na caçamba do carro. Sem cinto de segurança, sem cadeirinhas especiais e, mais importante, sem uma babá pra cada um sentada do lado.

(até porque raramente estávamos ~sentados~, mas sim nos embolando uns por cima dos outros nas curvas e rindo, rindo muito)

Algumas décadas antes disso, quando os nossos pais eram crianças, em plena Grande Guerra Mundial, esses mesmos avós ficavam muito felizes de poder comprar comida pra eles exclusivamente com o salário do meu avô, já que, naquela época, as mulheres estavam fadadas a serem donas-de-casa.

Muitos anos antes, para o meu bisavô que era agente de estação de trem no interior de Minas Gerais, a grande alegria deve ter sido poder botar os filhos na escola pública para que se formassem e, um dia, quem sabe, tivessem um futuro melhor (e pudessem comprar comida pros seus filhos).

Hoje, não temos guerra ou escassez de comida, e botar um filho na escola – seja ela pública ou privada – é uma tarefa razoavelmente simples. As mulheres conquistaram o direito de trabalhar fora de casa e, com isso, a renda média das famílias aumentou.

Coincidência ou não, a cultura do consumo aumentou também os desejos dos pais e essa renda “maior”, em vez de ser investida em lazer e maior qualidade de tempo em família, começou a ser gasta em supérfluos que, de uma hora pra outra, foram disfarçados em “necessidades” imprescindíveis.

E assim chegamos aos tempos modernos, em que pais acreditam que precisam de carros enormes com 7 lugares pra se locomover, viagens pra Disney pra se entreter e escolas caras e super exclusivas pra educar seus filhos (abro um parênteses pra fazer aqui minha mea-culpa, porque meu filho estuda em uma escola americana cara, mas meus motivos para ele estar lá são absolutamente ligados à diversidade e ao ambiente acolhedor e inclusivo que, no nosso caso, de uma família interracial nascida da adoção, é importante. Mas considero e pesquiso a fundo a possibilidade de colocá-lo muito em breve em uma escola pública).

Do que uma criança realmente precisa?

A verdade que todo mundo sabe – mesmo que esteja muito abafada debaixo de camadas e mais camadas de consumismo e delírios da vida moderna – é que as coisas de que uma criança realmente precisa são baratas, muito baratas. A maioria, de graça.

* Amor – É o óbvio, mas é importante dizer: antes de mais nada, muito, bem antes do último lançamento da Imaginext, toda criança precisa de amor. Muito. Abundante. Incondicional.

* Um bom ambiente familiar – Além de amor, toda criança precisa estar em um ambiente saudável que lhe permita crescer e desenvolver seus potenciais. Não, isso não significa um quarto decorado pelo fulano-o-decorador-da-moda e com bibelôs dignos de uma capa de revista da Martha Stewart. Em 2012, me mudei para um apartamento da metade do tamanho de onde eu morava com meu filho e, pra viabilizar essa mudança, doei ou vendi metade dos meus móveis e eletrodomésticos. Adivinha se ele sequer percebeu?

A maior parte da minha cultura geral, literatura, música e arte – e tenho uma amiga que diz que eu sei um pouco de tudo, do cocô à bomba atômica – foi obtida não na escola, mas na vida, em casa, no convívio com meus pais e seus amigos, nos bate-papos na mesa de jantar, nas discussões sobre o noticiário da noite.

O que toda criança precisa, no fundo, é do amor, tempo e atenção dos seus pais.

Curiosamente, essas “necessidades” irreais todas geram muito dinheiro para alguns empresários e empresas. Já uma tendência mundial nova que levasse os pais a darem a seus filhos exatamente aquilo de que eles mais precisam – amor, tempo e atenção – não geraria dinheiro pra ninguém (geraria, na verdade, uma grande economia para os próprios pais). Por que será que essa tendência não é incentivada?

Hummm….

Da próxima vez que você comprar – ou sentir o impulso de comprar – algo para o seu filho, se pergunte (e responda honestamente):

Meu filho precisa disso?

Pode ser que você se surpreenda – e também se entristeça um pouco – com a resposta.

Porque pode ser que você perceba que o único papel desse algo que você está comprando para o seu filho é substituir o amor, tempo e atenção que você deveria estar dedicando a ele.

A grande verdade é que criar um filho incrível e que tenha imensas chances de mandar muito bem na vida e ser muito feliz é muito simples: basta ensiná-lo a continuar curioso, gostar de aprender, ter prazer com o seu trabalho e curtir trabalhar em equipe.

Ou seja, criar um filho incrível não custa quase nada.

(aliás, se você estiver dedicando o seu amor, tempo e atenção ao seu filho como deveria ser, é capaz até de você nem ter tempo nem vontade de gastar tanto do seu dinheiro com coisas inúteis e desnecessárias pra você mesmo).

 

Paula Abreu é escritora, mãe do Davi e autora do livro A Aventura da Adoção e do siteEscolha Sua Vida onde escreve para quem quer fazer escolhas conscientes em busca de uma vida e trabalho com mais própósito.