Adoção: um gesto de quem quer amar e ser amado

Queridos leitores,

Segue uma ótima reportagem da revista Vida Simples. 

Abraços, Luciane

Adoção: um gesto de quem quer amar e ser amado

Acolher uma criança é um gesto humano que exige dedicação e dá sentido para a vida

Publicado em 25/06/2007

João Carlos Assumpção

Edição 0032

 
Pai e filho adotivo
Foto: Getty Images

Deixar uma marca de sua passagem pelo mundo. Ver uma parte de si se propagar pelo tempo. É para isso que as pessoas têm filhos, e é por isso, também, que se adota uma criança. Essa constatação pode espantar quem vê os pais adotivos como uma espécie de herói, gente caridosa que decidiu abrir as portas da própria casa para uma criança abandonada. Adoção não tem nada a ver com caridade, e pais adotivos não podem ser vistos como pessoas especiais. São pais como quaisquer outros, que cometem os mesmos erros e pecam pelas mesmas ansiedades.

No momento da adoção, existe uma boa dose de desejo de ajudar, um sentimento de amor ao próximo. Mas altruísmo nenhum dura a vida inteira, que é o tempo de uma relação de pai e filho, afinal de contas. Porque, como diz Fernando Freire, psicólogo que trabalha com crianças e adolescentes em situação de risco, a adoção é antes de tudo uma atitude frente à vida e seus desafios, uma atitude de quem sabe que o amor é uma das poucas coisas que, quanto mais partilhado, mais cresce. Um filho adotivo não dará aos pais nem receberá deles amor maior ou menor que um filho biológico.

Amar faz bem à saúde, e aí está, na verdade, a chave da questão. Como diz o psicoterapeuta italiano Piero Ferrucci, autor do livro A Arte da Gentileza, estimular qualidades humanas como afeto, gentileza e compaixão faz bem. Pessoas gentis são mais saudáveis, mais amadas e produtivas. Vivem mais e são mais felizes, enfim.

Quem adota, portanto, pode se sentir assim, o que não deixa de gerar certas dúvidas, que são colocadas pelo próprio Ferrucci. A adoção tem como base um desejo primordial do ser humano, que é amar e ser amado. Como diz Ferrucci, só podemos estar bem se formos capazes de cuidar uns dos outros, de amar uns aos outros.

Os pais adotivos devem levar em conta não só suas próprias aspirações, mas também as da criança que é adotada. Quem alerta para o risco de o pai ou a mãe de uma criança adotiva pensar apenas nos seus anseios é a terapeuta de família Márcia Lopes de Camargo. A adoção não pode se transformar simplesmente em um tapa-buraco existencial. Ela também deve ser voltada para a criança, com quem assumimos a responsabilidade de cuidar e educar.

O grande diferencial de uma adoção tardia é o cuidado que os pais devem ter ao lidar com o histórico anterior do filho, diz Gabriela. Ou seja, os problemas enfrentados pela criança nos primeiros anos de vida pré-adoção. Há vítimas de maus-tratos, violência, atraso escolar, dificuldade de confiar nas pessoas, baixa auto-estima, entre outros. Além de muito carinho, a ajuda de profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos e educadores, dependendo do caso, pode ser fundamental.

Fonte: http://abr.ai/1uWIiLT

A verdade

Desde pequenos aprendemos que não devemos mentir e que a verdade é sempre o melhor caminho. Na hora de educar um filho repassamos os mesmos ensinamentos, afinal de contas a verdade é sempre a base de tudo, não é?! É. Ou deveria ser… Mas a verdade, é que muitos pais adotivos ficam na dúvida sobre como, quando e o que contar aos filhos sobre como eles nasceram.

Vamos começar pelo mais simples: se você não fala a verdade sobre algo, então está mentindo ou omitindo, correto? E você considera saudável uma relação baseada na mentira ou omissão? Aposto que não. A verdade nesse caso é fundamental para a base saudável que você deseja proporcionar ao seu filho. A verdade é a história individual dele e ele precisa saber de sua origem para criar sua identidade. Percebem a importância em falar a verdade sobre a origem do filho? A verdade é um direito, além de ser fundamental para o desenvolvimento psíquico saudável.

Normalmente os pais cogitam não falar a verdade, ou toda ela, com receio de que a relação com o filho se modifique.

Com o medo de perder o afeto, os pais não se dão conta que manter o segredo é muito mais difícil e angustiante do que contar a verdade. Por que um segredo como este é praticamente impossível se manter para sempre, a criança/adolescente em algum momento vai perceber algo que não se encaixa. Quando você não conta ou omite informações importantes, a criança se sente confusa, insegura e ansiosa. Além do fato de que quando ela souber a verdade terá que lidar, também, com a mentira dos pais e a quebra de confiança na relação.

Como podemos ver, o caminho mais saudável para família como um todo é a verdade, simples e natural como ela deve ser. O momento certo de contar é o mais cedo possível, para que tudo ocorra de forma natural, sem necessitar ter um tom de revelação. Estar aberto para esclarecer todas as dúvidas é a melhor forma de amor e confiança que você pode oferecer ao seu filho.

Em breve falaremos sobre a adoção da criança mais velha e a busca pelos pais biológicos. Por enquanto ficamos por aqui. Até a próxima!

Image