Adoção não é tratamento para infertilidade

Escrito por Renata Palombo

Fonte: www.sxc.hu

Tem muitas coisas que adoção não é, como por exemplo:

Adoção não é caridade!
Adoção não é ato de coragem!
Adoção não é loucura!
Adoção não é prêmio de consolação para quem não pode gestar!
De todos estes “não é”, hoje eu queria falar sobre: Adoção não é tratamento para infertilidade!
Quem leu meu último post (“Você não pode ter filhos?”) conheceu um pouquinho da minha jornada para a maternagem e viu que quando eu decidi ser mãe eu entrei na fila de adoção ao mesmo tempo em que parei de evitar gravidez. Diferente de muitas, eu não fui daquelas que esgotou todas as possibilidades de gravidez antes de escolher a adoção, mas mesmo assim as pessoas sempre relacionavam minha opção pela adoção a uma possível infertilidade.
Uma das coisas que eu ouvi muito, muito e muito quando meus filhos chegaram foi:
– Agora que você adotou, logo você estará grávida!
Peraí! Agora adoção virou tratamento pra infertilidade??? É bem verdade que muitas mulheres engravidam logo após a adoção, diz alguns que é porque a pessoa fica menos ansiosa e aí a gravidez acontece, mas em nenhum momento a adoção deveria ser motivada por isso, porque adoção também não é remédio para ansiedade.
Eu, sinceramente, sentia medo quando ouvia essa frase, porque a chegada do filho e a fase de adaptação foi tão dificil que a última coisa que eu precisava naquela época era engravidar.
Teve uma pessoa que chegou a me dizer que minha atitude de adotar era tão bonita que certamente Deus me abençoaria com um filho de verdade!!! Ai!!! Se aqueles filhos que estavam na minha vida não eram de verdade, eu não sabia mais nada sobre mim mesma e sobre a vida que eu estava levando.
Hoje, já se passaram alguns anos de quando chegaram meus filhos e eu não engravidei (UFA!), ou o “tratamento” não funcionou pra mim ou adoção realmente não é tratamento para infertilidade.
Fonte: http://descobrindoamaternagem.blogspot.com.br/2012/10/adocao-nao-e-tratamento-para.html

Escolhi ser mãe Por Renata Polombo, do blog Descobrindo a Maternagem

Há poucos dias fui à maternidade visitar uma amiga muito querida que acabara de “ganhar” bebê. Minha filha Natalia foi comigo. Enquanto esperávamos na recepção do hospital para subir para o quarto aconteceu o seguinte diálogo:
 
– Mãe, acho que eu não quero ficar grávida! Acho que eu vou adotar uma criança.
– É mesmo, querida? Porque pensa nisso?
– Ah, mãe! Tem um monte de crianças em abrigos precisando de ajuda…
 
Talvez eu devesse ter ficado orgulhosa da minha filha por ter um bom coração, mas na verdade eu me senti incomodada porque deduzi que ela associa adoção a caridade.
 
ADOÇÃO NÃO É CARIDADE!
 
O dicionário de língua portuguesa Michaelis (2007) define adotar como “tomar como próprio“, em outras fontes li definições de adoção como o “ato de legitimar a filiação através da escolha, da preferência, aceitação, cuidado, consideração”.
 
Eu não adotei porque queria ajudar crianças abrigadas. Eu adotei porque queria ser MÃE. Se quisesse ajudar crianças precisadas eu poderia fazer muitas outras coisas… poderia visitar casas de acolhimento… doar bens materiais… fazer trabalhos voluntários… entre tantas outra coisas… Não estou em nenhum momento desmerecendo ou desconsiderando o valor de ações caridosas, pelo contrário, exalto-as, o que estou tentando dizer é que adotar não é sinônimo de ajudar desfavorecidos.
 
É bem verdade que, principalmente nas adoções tardias, muitas pessoas adotam motivadas pelo desejo de fazer o bem a alguém, de ajudar ou até mesmo movidos pelo sentimento de dó. Eu questiono se esta seria a motivação ideal para adoção, porém não duvido que a partir daí possa se construir um verdadeiro amor.
 
Caridade é pontual, adoção é para sempre!
 
– Naty! Você e seu irmão não são meus filhos porque eu queria ajudar crianças abrigadas. Vocês são meus filhos porque eu decidi ser MÃE e Deus me deu vocês.
 
Não tive respostas. Mas acho que este não foi o fim da conversa…. 
 
*Renata é mamãe blogueira e se define como: “mãe por opção, descobrindo dia-a-dia a maternagem”…
Fonte: http://www.recantodasmamaesblogueiras.com/