Queridos amigos,
Há tempos estou pesquisando sobre o uso dos carregadores de pano, também chamado de sling. Em inglês chama-se babywearing que significa ““vestindo o bebê”, afinal o sling é como um pedaço de tecido que fica amarrado em você e na criança.
Considerando a importância da construção do vínculo afetivo entre pais e filhos, percebi que temos aqui uma valiosa ferramenta nesta caminhada de intimidade e conexão, afinal um carregador de pano permite um contato pele a pele que é essencial.
Esta prática é altamente recomendada nos casos de adoção pois fomenta o apego e proporciona benefícios fisiológicos para a criança pois também contribui para o seu desenvolvimento sensorial. Auxilia muito no desenvolvimento da afetividade e cumplicidade entre mãe/pai e filho.
Como é recomendado o uso até mesmo dentro de casa, com o sling você fica com as mãos livres para fazer as tarefas necessárias para a própria criança como lavar roupas, mamadeiras, preparar banho, preparar alimentação, entre tantas outras atividades que temos com a chegada de uma criança em casa.
No início temos dificuldade em adaptar a rotina de dar a devida atenção a criança e em fazer todas as tarefas que são necessárias para o bem-estar dela. Com um carregador de pano você fica próximo a criança e faz o que for necessário.
Note que os carregores de pano não são só para carregar bebês!
Um carregador de pano pode ser utilizado com crianças até 3 anos, menos ou mais, dependendo do tamanho e do peso da criança e da sua estrutura física.
Segundo a recomendação da Laura Willard do site She Knows, mesmo que no seu caso o seu filho não tenha se adaptado ou já esteja grande demais para vestir um carregador de pano, leia as dicas mesmo assim, pois os princípios básicos também podem te beneficiar: proximidade com o filho, manter sintonia com a criança e constante conversação são propósitos que permanecem mesmo após o crescimento da criança!
Segundo Dr. Sears: Babywearing significa trocar nossa mente sobre o que os bebês realmente gostam. Os novos pais freqüentemente visualizam seu bebê deitado quieto em um berço, olhando passivamente a móbiles, apenas o carregando para alimentar, brincar e então colocá-lo de volta. Você deve pensar que pegar o bebê a cada período de tempo é o suficiente para acalmá-lo e então voltá-lo ao berço. Babywearing reverte esta visão. Carregue seu bebê em um sling por muitas horas durante o dia e então coloque-o para dormir e atenda a suas necessidades pessoais. Leia mais aqui: http://maecanguru.blogspot.com.br/2009/05/o-significado-do-babywearing-nossa.html
Tem um post aqui do blog que foi enviado pela leitora Barbara Lito. Ela traduziu de um livro em francês “Pele a pele, técnica e prática de carregar bebês” (título original “Peau à peau, technique et pratique du portage”) e compartilhou conosco. A autora Ingrid van denPeereboom explica os benefícios do uso do sling, e, especialmente nos casos de adoção, coo pode colaborar muito no desenvolvimento do vínculo afetivo entre pais e filhos, e leia que interessante a informação da “gestação reparadora” nos casos de adoção:
“Geneviéve, responsável por essa organização e mãe adotiva, alenta esse pais a ocupar-se de seus filhos de um ano ou mais como se fossem recém nascidos, a carregá-los sobre o ventre favorecendo o apego.
Sugere que eles se autorizem a uma pequena “gestação reparadora” por meio de um sling resistente e envolvente: o wrap.
Carregar seu filho pode permitir que se conheçam verdadeiramente, ancorar esse novo amor em seus corpos. O bebê recusará, quem sabe num primeiro momento o aninhar-se no colo do carregador e pode levar um tempo até que se consiga isso. Mas o reencontro é possível.
Geneviáve nos da ideias sobre o papel de carregar o filho num processo de adoção: “O essencial a ser destacado no marco da adoção é a criação de vínculos […] Muitos pais subestimam a primitiva ferida do filho adotado. Se há adoção, há havido abandono. Separado de sua mãe biológica, o bebê tem um grande sofrimento, está desarmado e em profunda comoção.
A operação deve dar certo, e para isso devemos dar para ele o tempo necessário. Necessita tempo, amor, e sobretudo muita paciência.”
Leia o post na íntegra: http://gravidezinvisivel.com/2014/12/03/os-beneficios-do-uso-do-sling-especialmente-nos-casos-de-adocao/
CURIOSIDADE: Você sabe o que é marsúpio?
Marsúpio é uma bolsa existente no corpo das fêmeas dos mamíferos da família dos marsupiais, formada por um dobramento da pele. Os filhotes marsupiais nascem numa etapa muito prematura do desenvolvimento. Após o nascimento, o filhote introduz-se no marsúpio da mãe, onde estão localizadas as glândulas mamárias, completando assim seu desenvolvimento. O filhote de canguru nasce com apenas 2 cm de comprimento e pesando menos de 1 g. O marsúpio funciona como se fosse uma incubadora, onde o filhote se instala, até criar fortalecimento físico para poder sobreviver sozinho. Fonte: http://www.klickeducacao.com.br/
Eu usei e ainda uso um carregador de pano com meu filho, eu costumo usar um lenço (scarf) e aprendi neste vídeo https://www.youtube.com/watch?v=-XOkMoF85Zk
Confesso que após este estudo percebo que eu deveria ter usado muito mais! No início eu ficava insegura de colocá-lo no sling, não tinha muita prática e nem muita orientação. Também não tinha o conhecimento que tenho hoje, por isso busquei conhecer alguém da área para compartilhar com vocês o mais rápido possível! E foi então que recebi a indicação da especialista em slings Karla Pinto da Luz. Obrigada Juliana Sell da Apoio Materno!!
A Karla Pinto da Luz é natural de Florianópolis, SC, tem 45 anos, é mãe do Vitor e empresária especialista em slings. Há 7 anos fundou sua empresa chamada “Mãe Canguru” para atender as famílias brasileiras que queriam usar o sling e também tem uma loja Cute Cool craft que comercializa slings, acessórios e roupas para vida em família ficar mais Cute e Cool.
Segue abaixo entrevista completa com a Karla, que é muito querida e super disponível para nos ajudar:
Luciane – O uso dos carregadores de pano (sling) é algo relativamente novo no Brasil. Como você teve o primeiro contato?
Karla – Quando comecei a usar sling era uma grande novidade. Babywearing é o ato de carregar o bebê junto ao corpo em carregadores de pano, muito utilizada em tribos africanas e indígenas. Durante minha gestação tive de fazer repouso absoluto durante as 40 semanas e a minha maior preocupação era voltar a vida normal com um bebê. Lembrei que muitas mães ao redor do mundo levavam seus filhos muito pequenos a todos os lugares inclusive para exercer seu trabalho. Comecei então a minha pesquisa sobre as formas de carregar bebês o mais próximo possível. Me apaixonei a cada leitura e tratei de providenciar meu primeiro sling, que veio de Portugal. O sling chegou eu estava na maternidade, Confesso que fiquei um pouco com receio de colocar o meu bebê ali, mas se todos os bebês se adaptavam e eu tinha certeza que ali era o lugar ideal para ele … Saímos slingados da maternidade e usamos o nosso querido sling até o terceiro ano de idade.
Durante este tempo nos nossos passeios éramos alvo de grande curiosidade e todo mundo que eu encontrava e gostava queria um sling . Pensei … Eu poderia ajudar muitas famílias ao difundir a prática do sling e da criação com apego . Comecei minha atividade aos poucos e em dois anos deixei meu emprego em uma grande empresa para me dedicar exclusivamente a confecção e a difusão da prática do sling . E nestes 6 anos posso dizer que foi a melhor escolha que eu poderia.
Luciane – Quais os benefícios dos carregadores de pano?
Karla – Os benefícios são inúmeros, que vai da praticidade ao apego. Cito apenas alguns deles:
* Redução de cólicas;
* Prevenção do refluxo;
* Segurança em caminhadas e em casa;
* Facilitador de comunicação e Apego;
* Segurança;
* Economia;
* Praticidade
* O principal benefício (na minha opinião) é o vínculo.
Luciane – Quais são os modelos e o que diferencia cada um?
Karla – Babywearing é o ato de carregar o bebê junto ao corpo em carregadores de pano, muito utilizada em tribos africanas e indígenas. Existem várias formas de carregar um bebê:
– No colo, quando eles são recém nascidos ou por curtos períodos, senão dá uma leve dor nos braços e nas costas;
- Num canguru comum, onde peso do bebê se divide nos dois ombros, ele fica numa posição prática (para nós) e parece bem seguro. Só que o bebê só pode ficar em uma posição.
– Ring Sling (sling de argolas), onde o bebê fica numa posição muito confortável, muito semelhante ao útero materno ( daí a teoria da extra gestação do antropologista Ashley Montagu) . As posições mudam conforme o crescimento da criança.
– Wrap, é um tecido comprido, que é enrolado e preso ao corpo de quem está carregando. Neste modelo você realmente veste o bebê que é extremamente confortável. O peso do bebê fica dividido, é super seguro, a gente quase esquece que tem um bebê ali. Existe uma versão onde as amarrações já vem praticamente prontas “fast wrap”: você veste, como se fosse uma camiseta e coloca o bebê no meio.
– O Mei Tai é um carregador de pano inspirado nos modelos orientais, e faz parte do que se conhece por carregador estruturado. Não exatamente um canguru, que possui travas e regulagens, mas com o mesmo conceito de carregar o bebê sentado em uma cadeirinha de tecido, junto ao corpo. Mei-tai, é um quadrado de tecido com tiras, que você usa pra amarrar em volta do bebê e de si.
No caso do Mei Tai, os ajustes são feitos através de nós nas faixas já preparadas do carregador.
– Pouch Sling – é o sling sem argolas, trata-se de uma faixa de tecido com apenas uma costura côncava, não tem ajustes e é feito conforme o tamanho de quem vai usar numa grade de numeração PP, P , M, G e GG. Com as mesmas vantagens de posições do Ring Sling (sling de argolas) , é o modelo mais prático de carregadores, pois é e de muito fácil adaptação. Basta colocá-lo e ele estará pronto para uso.
– Ergo Baby – este modelo parece uma mochila e é recomendado para crianças maiores.
Então, o sling é somente mais um tipo destes carregadores. O mais importante é comprar a filosofia desta prática. Mas realmente é maravilhoso e é o melhor investimento que uma mãe pode fazer na troca de afetividade e cumplicidade com o seu bebê.
Luciane – O sling pode ser usado em crianças de até que idade e peso? Qual o modelo você indica para crianças maiores?
Karla – Isso vai depender muito da criança e de quem a carrega. Eu e meu filho usamos nossos slings até três anos de idade, mas geralmente o sling comporta até 20 kg de peso. Para levar crianças maiores eu recomendo primeiro é trabalhar bem a musculatura da coluna vc precisa de muita força para carregar uma criança, mas eu pessoalmente prefiro os modelos um pouch sling ou um MEI -Tai. Ou o modelo da Ergobaby.
Luciane – Para colocá-lo será preciso ajuda de outra pessoa?
Karla – Algumas pessoas precisam de ajuda nas primeiras vezes, mas depois de uma certa prática e confiança não será mais preciso. Eu sempre aconselho que a criança que vai slingar pela primeira vez esteja calmo, sem fome, sem sono e com o mínimo de roupas e acessórios. Os pais e acompanhantes também precisam estar confiantes e sem medo pois a criança sente a insegurança.
Luciane – Posso colocar meu filho em qualquer posição?
Karla – As posições da criança no sling são inúmeras conforme a idade e o tamanho da criança. No wrap sling existem tantas maneiras de carregar e amarrações que a cada dia mães e pais em torno do mundo inventam maneiras diferentes e seguras de carregar seus filhos para todos os lugares bem ao alcance do beijo e perto do coração, afinal, carregamos o nosso maior tesouro.
Luciane – Qual a média de valor do sling?
Karla – Os slings variam de 90 a 150 reais.
Luciane – Onde encontrar?
Karla – Tenho uma loja virtual onde mando slings para todo mundo wwww.cutecoolcraft.com.br e se você estiver em Floripa é só entrar em contato comigo que estou a disposição com slings em feiras, eventos e workshops.
Bom pessoal, terminamos nossa pesquisa por aqui. Aceitamos sugestões e se necessário faremos as devidas correções e/ou adequações neste texto. Todas as fontes estão linkadas acima ou nas fotos. Espero que esta prática ajude muitas famílias formadas pela adoção.
Um grande beijo com muito amor,
Luciane
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